As patologias da embriaguez na Grécia clássica: o silêncio eloquente do Corpus Hippocraticum
DOI:
https://doi.org/10.37467/gka-revmedica.v6.1560Palavras-chave:
História da medicina, Alcoolismo, Conhecimento, Causalidade, Fatores de tempoResumo
Ainda que o vinho fosse parte importante da dietética grega, os hipocráticos não lhe atribuem papel exclusivo na geração das doenças. Este artigo explora o sistema epistemológico hipocrático, buscando nele as razões dessa indiferença. O Corpus é fundamentado nas noções pré-reflexivas de totalidade, adequação e temporalidade aberta. A primeira faz com que se veja o vinho como mero portador dos elementos qualitativos (secura, umidade, calor, frio) que compõem o universo; a segunda, com que não se lhe conceda efeito imutável, independente das circunstâncias; por último, a terceira direciona o olhar hipocrático à prognose em detrimento das causas, entre as quais poderia figurar a embriaguez contumaz. Somadas, essas noções impedem que o olhar hipocrático associe ao vinho uma doença exclusiva.
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